Valmir Lima nasceu na Ilha do Ferro, povoado de Pão de Açúcar, Alagoas.
O início foi como tantos outros. O Mestre Fernando, o Seu Fernando da Ilha do Ferro, além de grande artista, instigava e estimulava pessoas a conhecerem o universo da arte.
Com Valmir, foi mais ou menos assim: “Você sabe fazer uma cadeira?” esta pergunta incomodou o agricultor que conhecia apenas foice, enxada e o sol quente castigando o corpo na sua labuta diária. E o Mestre repetiu. Desta vez, afirmando: “Aposto que você não sabe fazer uma cadeira”.
Valmir entrou no mundo mágico de Seu Fernando no instante que seus olhos observaram alguns pedaços de madeira largados no atelier Boca do Vento e suas mãos ainda incrédulas toparam o desafio. “Eu precisava mostrar ao Fernando que eu sabia fazer uma cadeira”. E fez.
Com a ajuda do sogro, pouco a pouco, cadeiras e bancos brotavam, como se “aquilo” já fizesse parte de sua história de vida desde sempre.
Muitas vezes, Valmir questionou e analisou as obras e o acabamento, do Mestre, principalmente das cadeiras “tortas” de três pés. Nesses momentos Seu Fernando sorria feliz por ter conseguido revelar mais um artista na ilha do Ferro.
Pouco antes de morrer, chamou Valmir e entregou o seu livro ainda não editado. Permitiu ao genro continuar escrevendo no corpo das cadeiras e bancos a sua poética.
Genro e aprendiz de Fernando Rodrigues, o artista hoje assume um importante papel na arte popular do país, desenvolvendo cadeiras e bancos orgânicos, com identidade própria, distanciando-se cada vez mais dos elementos estéticos do grande Mestre.